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Memorial da Democracia de Pernambuco recebe a exposição “A Rádio que Paulo Freire sonhou”
A mostra recupera os 60 anos de história da emissora e dialoga com o acervo do Memorial
A exposição “A Rádio que Paulo Freire sonhou” chega, a partir desta quinta-feira (21), ao Memorial da Democracia de Pernambuco, localizado no Sítio da Trindade, em Casa Amarela, no Recife. A exposição é gratuita e fica aberta aos visitantes até o dia 2 de fevereiro de 2024, permitindo ao público um mergulho na história da emissora que é indissociável da história do país no início dos anos 60, quando o Brasil vivia as tensões políticas que culminaram com o Golpe Militar. A visitação pode ser feita de terça-feira a sábado, no horário das 11h às 17h. Assista aqui o documentário sobre a Rádio Paulo Freire.
Composta por 16 painéis em grande formato, a exposição é o resultado de uma extensa pesquisa documental em arquivos públicos e digitais nos quais foram localizados fotos, documentos e mais de 300 notícias de jornais, entre 1958 e 1965. Na temporada no Memorial da Democracia, a exposição incorpora ainda um dispositivo interativo, a partir do qual os visitantes são convidados a enviar áudios sobre suas experiências e expectativas em torno do rádio, que podem vir a ser veiculados na grade da Paulo Freire no formato de interprogramas.
A temporada da exposição no Sítio da Trindade tem um significado especial. Foi este o espaço que abrigou o Movimento de Cultura Popular (MCP), criado em 13 de maio de 1960, durante a primeira gestão de Miguel Arraes na Prefeitura do Recife. Formado por estudantes universitários, artistas e intelectuais, o MCP realizou experiências inovadoras de cultura e educação populares, tendo entre seus dirigentes o próprio Paulo Freire. O programa “Campanha de Alfabetização”, em parceria com o MCP e veiculado pela então Rádio Universidade, foi um dos principais alvos dos ataques dos setores conservadores à emissora.
A Rádio Universidade funcionava como um dos setores do Serviço de Extensão Cultural (SEC) da Universidade do Recife, atual UFPE. A recuperação da história da emissora, que entrou no ar em caráter definitivo em 29 de setembro de 1963, traça também um importante retrato da efervescência cultural e intelectual do Recife no final dos anos 50 e início dos anos 60. Isso porque, em torno de si e do SEC, Paulo Freire conseguiu agregar uma geração de jovens intelectuais progressistas, que se destacariam depois como literatos, designers, críticos e professores. Entre eles, João Alexandre Barbosa, Sebastião Uchoa Leite, Jomard Muniz de Britto, Luiz Costa Lima e Marcius Cortez.
A exposição “A Rádio que Paulo Freire sonhou” é uma realização da equipe da Rádio Paulo Freire em parceria com a Diretoria de Comunicação (Supercom), com apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc) e da Cátedra Paulo Freire. Conta ainda com a ajuda da Biblioteca Central e do Memorial Denis Bernardes.